Em 246 municípios goianos, 125 prefeitos foram candidatos a
um novo mandato nas eleições do ano passado. 64 foram reeleitos e 61 não.
DIÁRIO DA MANHÃ
HELTON LENINE
O Congresso Nacional discute há anos proposta de emenda à
Constituição, que acaba com a reeleição de prefeito e também de governador e
presidente da República. Com o fim da reeleição, o mandato passaria de quatro
para cinco anos.
Reeleição é a possibilidade de o titular de cargo público
eletivo candidatar-se, novamente, ao mesmo cargo que está ocupando. É também
chamado de recandidatura, uma vez que o candidato concorre, sucessivamente, ao
cargo que já exerce. É uma faculdade, não podendo nunca ser obrigatória ao
candidato. Somente se ele quiser e se for permitida, ele poderá se candidatar à
reeleição.
Presidente da República, governador e prefeito só podem se
reeleger para um único mandato subsequente. Já os senadores, deputados
federais, deputados estaduais e os vereadores podem se reeleger, sem limitação
de número de mandatos subsequentes.
O que se verifica é que, nas cidades onde os prefeitos
fizeram boa administração, com realização de obras e controle rígido das contas
públicas, combatendo o desperdício e evitando improbidade, a população concedeu
o segundo mandato. Já nos municípios onde se registrou o caos administrativo, a
prática de desvio de dinheiro público, o prefeito não conseguiu a reeleição.
Vai bem, o povo aprova e concede novo mandato. Vai mal, o eleitor manda o
político para casa.
Em Goiás, 125 prefeitos foram candidatos à reeleição.
Destes, 64 foram reeleitos. Entre eles, estão: Paulo Garcia (PT), em Goiânia,
com 57,6% dos votos válidos; Maguito Vilela (PMDB), em Aparecida de Goiânia,
com 63,98%; Antônio Gomide (PT), em Anápolis, com 88,3%; Juraci Martins (PSD),
em Rio Verde, com 75,43%; Humberto Machado, com 68,25%, em Jataí; Alberane
Arantes, com 45,79%, em Palmeiras de Goiás; Nivaldo Melo, com 48,39%, em
Pirenópolis; Cleudes (Baré) Bernardes, com 46,30% dos votos, em Bom Jardim de
Goiás.
Com bons índices de aprovação popular, o prefeito José Gomes
da Rocha (PP), em Itumbiara, ajudou na eleição de seu aliado, Chico Balla
(PTB); e Túlio Sérvio (PSB), em Senador Canedo, colaborou com a vitória de
Misael Oliveira (PDT), dando continuidade à gestão municipal. Em outras
cidades, há casos também de prefeitos que asseguraram vitórias para os
candidatos de sua preferência, o que demonstra prestígio e força eleitoral
junto à comunidade.
45% dos prefeitos foram derrotados nas urnas em 2012
45% dos prefeitos foram derrotados nas urnas em 2012
Erivaldo Alexandre (centro) não se reelege em Itapirapuã |
Mal avaliados pela população, alguns prefeitos que não
conseguiram a reeleição ou não asseguraram vitórias para os seus candidatos:
Ricardo Fortunato (PMDB), em Trindade; Divino Eterno, em Guapó; Rubens Rios, em
Aragoiânia; Valdeci Mendonça, em Abadia de Goiás; José Oswaldo, em Porangatu; Erivaldo Alexandre em Itapirapuã, Lourenço Pereira (renunciou antes do pleito e lançou o filho), em Uruaçu.
O principal argumento contra os dois mandatos consecutivos é
de que o governante no cargo acaba por se beneficiar da máquina pública. Por
outro lado, a reeleição, mesmo sendo fruto, na época, de casuísmo (aprovada
para garantir direito de reeleição a FHC), vem permitindo que os governantes
terminem os projetos que iniciaram, de acordo com seus defensores.
Mas aí é que surge o problema. Os governos passam a focar a
reeleição como o principal objetivo de seus mandatos, e as metas e os
compromissos assumidos passam a ser subordinados àquele objetivo eleitoral.
Reforça-se a ideia de que governo é “território exclusivo dos partidos
eleitos”.
Mais de 5,5 mil prefeitos tomaram posse dia 1º último em
todo o Brasil. E mais de 50 municípios vão ter que realizar novas eleições.
Isso acontece porque os eleitos para a prefeitura tiveram a candidatura barrada
pela Lei da Ficha Limpa. Em algumas destas cidades, os políticos tiveram a
candidatura negada e mesmo assim concorreram. Entre os motivos pelos quais o
TSE negou o registro, estão: publicidade institucional fora do período
permitido pela legislação eleitoral e, em casos de reeleição, contas da
prefeitura rejeitadas pelo TRE local.
No País, 55% dos prefeitos conseguiram novo mandato
Dr. Gilmar Batista é reeleito em Santa Fé de Goias |
Dos quase 5.600 prefeitos brasileiros, 3.695 poderiam
pleitear mais um mandato em 2012, mas optaram por não concorrer.
A estimativa da CNM, antes das eleições de 7 de outubro, era
que o percentual de reeleitos fosse em torno de 66%, número maior que os 55%
que conseguiram novo mandato nas urnas.
Nas eleições de 2008, 65,9% dos prefeitos que disputaram
novo mandato foram reeleitos. Já nas eleições de 2004 e 2000, o número de
reeleitos foi 58,2%, de acordo com levantamento feito pela Confederação
Nacional dos Municípios com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral.
Segundo dados da CNM, os Estados que mais conseguiram
reeleger seus prefeitos foram: Rio Grande do Norte (69,1%), Paraíba (68,4%),
Rio Grande do Sul (67,6%), Pernambuco (62,4%) e Mato Grosso do Sul (61,3%).
Levantamento que considera apenas o número de municípios, Minas Gerais obteve
185 prefeitos reeleitos, São Paulo, 182, e Rio Grande do Sul, 163.
A Emenda Constitucional 16, que permitiu a reeleição do
presidente da República, dos governadores e prefeitos, foi aprovada pelo
Congresso Nacional e promulgada em 4 de junho de 1997, no governo de Fernando
Henrique Cardoso, que foi o primeiro presidente beneficiado pelo dispositivo na
eleição de 1998.
A primeira eleição
municipal em que foi permitida a reeleição para prefeitos ocorreu no ano de
2000. Na ocasião, 62% disputaram a reeleição. Já em 2004, 63% concorreram a um
novo mandato e em 2008 o percentual de postulantes à reeleição foi 78, 6%. Em
2012, 74,8% dos prefeitos buscaram um segundo mandato no País.
PEC propõe unificação das eleições no País a partir de 2022
Proposta de Emenda à Constituição, com o objetivo de
unificar as eleições no País, foi apresentada no dia 19 de dezembro último pelo
senador Romero Jucá (PMDB-RR). De acordo com a proposição, a partir de 2022 os
eleitores poderão votar no mesmo dia para os cargos no Executivo (prefeito,
governador, presidente da República) e no Legislativo (vereadores, senadores,
deputados estaduais e federais). Hoje, são realizadas eleições a cada dois
anos, alternando-se eleições municipais com eleições para cargos estaduais e
federais.
Para fazer coincidir os pleitos numa única eleição geral,
realizada a cada quatro anos, vereadores e prefeitos eleitos em 2016 terão
mandatos de seis anos, em vez dos quatro anos atuais, caso a proposta (PEC
71/12) seja aprovada.
Além de diminuir os custos com o processo eleitoral, Jucá
argumenta na justificativa da PEC que a unificação das eleições também
garantiria maior transparência para o eleitor. “Os eleitores teriam acesso a um
quadro mais claro da realidade política, com condições de melhor formar juízo a
respeito da continuidade ou da substituição de seus representantes”, justifica
o parlamentar.
O senador por Roraima acrescenta que a proposta, se
aprovada, evitaria que os alinhamentos, acordos e pactos de governabilidade
precisem ser revistos a cada dois anos, conferindo maior estabilidade política.
“Emergiria da eleição geral única um quadro político estável por todo o
quadriênio seguinte. Todos os atores teriam clareza a respeito de suas tarefas,
dos meios disponíveis e das alianças formadas na situação e na oposição, na
União, nos Estados e nos municípios”, defendeu.
A proposta ainda aguarda designação de relator na Comissão
de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
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