domingo, 13 de janeiro de 2013

Prefeito honesto é reeleito. O corrupto fica sem mandato


Em 246 municípios goianos, 125 prefeitos foram candidatos a um novo mandato nas eleições do ano passado. 64 foram reeleitos e 61 não.

DIÁRIO DA MANHÃ
HELTON LENINE

Paulo Garcia é reeleito em Goiânia
O Congresso Nacional discute há anos proposta de emenda à Constituição, que acaba com a reeleição de prefeito e também de governador e presidente da República. Com o fim da reeleição, o mandato passaria de quatro para cinco anos.

Reeleição é a possibilidade de o titular de cargo público eletivo candidatar-se, novamente, ao mesmo cargo que está ocupando. É também chamado de recandidatura, uma vez que o candidato concorre, sucessivamente, ao cargo que já exerce. É uma faculdade, não podendo nunca ser obrigatória ao candidato. Somente se ele quiser e se for permitida, ele poderá se candidatar à reeleição.

Presidente da República, governador e prefeito só podem se reeleger para um único mandato subsequente. Já os senadores, deputados federais, deputados estaduais e os vereadores podem se reeleger, sem limitação de número de mandatos subsequentes.

O que se verifica é que, nas cidades onde os prefeitos fizeram boa administração, com realização de obras e controle rígido das contas públicas, combatendo o desperdício e evitando improbidade, a população concedeu o segundo mandato. Já nos municípios onde se registrou o caos administrativo, a prática de desvio de dinheiro público, o prefeito não conseguiu a reeleição. Vai bem, o povo aprova e concede novo mandato. Vai mal, o eleitor manda o político para casa.

Em Goiás, 125 prefeitos foram candidatos à reeleição. Destes, 64 foram reeleitos. Entre eles, estão: Paulo Garcia (PT), em Goiânia, com 57,6% dos votos válidos; Maguito Vilela (PMDB), em Aparecida de Goiânia, com 63,98%; Antônio Gomide (PT), em Anápolis, com 88,3%; Juraci Martins (PSD), em Rio Verde, com 75,43%; Humberto Machado, com 68,25%, em Jataí; Alberane Arantes, com 45,79%, em Palmeiras de Goiás; Nivaldo Melo, com 48,39%, em Pirenópolis; Cleudes (Baré) Bernardes, com 46,30% dos votos, em Bom Jardim de Goiás.

Com bons índices de aprovação popular, o prefeito José Gomes da Rocha (PP), em Itumbiara, ajudou na eleição de seu aliado, Chico Balla (PTB); e Túlio Sérvio (PSB), em Senador Canedo, colaborou com a vitória de Misael Oliveira (PDT), dando continuidade à gestão municipal. Em outras cidades, há casos também de prefeitos que asseguraram vitórias para os candidatos de sua preferência, o que demonstra prestígio e força eleitoral junto à comunidade.

45% dos prefeitos foram derrotados nas urnas em 2012

Erivaldo Alexandre (centro) não se reelege em Itapirapuã
Mal avaliados pela população, alguns prefeitos que não conseguiram a reeleição ou não asseguraram vitórias para os seus candidatos: Ricardo Fortunato (PMDB), em Trindade; Divino Eterno, em Guapó; Rubens Rios, em Aragoiânia; Valdeci Mendonça, em Abadia de Goiás; José Oswaldo, em Porangatu; Erivaldo Alexandre em Itapirapuã, Lourenço Pereira (renunciou antes do pleito e lançou o filho), em Uruaçu.

O principal argumento contra os dois mandatos consecutivos é de que o governante no cargo acaba por se beneficiar da máquina pública. Por outro lado, a reeleição, mesmo sendo fruto, na época, de casuísmo (aprovada para garantir direito de reeleição a FHC), vem permitindo que os governantes terminem os projetos que iniciaram, de acordo com seus defensores.

Mas aí é que surge o problema. Os governos passam a focar a reeleição como o principal objetivo de seus mandatos, e as metas e os compromissos assumidos passam a ser subordinados àquele objetivo eleitoral. Reforça-se a ideia de que governo é “território exclusivo dos partidos eleitos”.

Mais de 5,5 mil prefeitos tomaram posse dia 1º último em todo o Brasil. E mais de 50 municípios vão ter que realizar novas eleições. Isso acontece porque os eleitos para a prefeitura tiveram a candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa. Em algumas destas cidades, os políticos tiveram a candidatura negada e mesmo assim concorreram. Entre os motivos pelos quais o TSE negou o registro, estão: publicidade institucional fora do período permitido pela legislação eleitoral e, em casos de reeleição, contas da prefeitura rejeitadas pelo TRE local.

No País, 55% dos prefeitos conseguiram novo mandato

Dr. Gilmar Batista é reeleito em Santa Fé de Goias
O resultado das eleições municipais no Brasil, ano passado, mostrou que os prefeitos foram beneficiados pelo instituto da reeleição, apesar do número dos chefes de Executivo que conseguiram mais um mandato seja menor do que nos pleitos anteriores. Dos 2.736 candidatos que concorreram a um novo mandato, 55% deles foram reeleitos, ou seja, 1.505, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Dos quase 5.600 prefeitos brasileiros, 3.695 poderiam pleitear mais um mandato em 2012, mas optaram por não concorrer.

A estimativa da CNM, antes das eleições de 7 de outubro, era que o percentual de reeleitos fosse em torno de 66%, número maior que os 55% que conseguiram novo mandato nas urnas.

Nas eleições de 2008, 65,9% dos prefeitos que disputaram novo mandato foram reeleitos. Já nas eleições de 2004 e 2000, o número de reeleitos foi 58,2%, de acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral.

Segundo dados da CNM, os Estados que mais conseguiram reeleger seus prefeitos foram: Rio Grande do Norte (69,1%), Paraíba (68,4%), Rio Grande do Sul (67,6%), Pernambuco (62,4%) e Mato Grosso do Sul (61,3%). Levantamento que considera apenas o número de municípios, Minas Gerais obteve 185 prefeitos reeleitos, São Paulo, 182, e Rio Grande do Sul, 163.

A Emenda Constitucional 16, que permitiu a reeleição do presidente da República, dos governadores e prefeitos, foi aprovada pelo Congresso Nacional e promulgada em 4 de junho de 1997, no governo de Fernando Henrique Cardoso, que foi o primeiro presidente beneficiado pelo dispositivo na eleição de 1998.

 A primeira eleição municipal em que foi permitida a reeleição para prefeitos ocorreu no ano de 2000. Na ocasião, 62% disputaram a reeleição. Já em 2004, 63% concorreram a um novo mandato e em 2008 o percentual de postulantes à reeleição foi 78, 6%. Em 2012, 74,8% dos prefeitos buscaram um segundo mandato no País.

PEC propõe unificação das eleições no País a partir de 2022

Proposta de Emenda à Constituição, com o objetivo de unificar as eleições no País, foi apresentada no dia 19 de dezembro último pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR). De acordo com a proposição, a partir de 2022 os eleitores poderão votar no mesmo dia para os cargos no Executivo (prefeito, governador, presidente da República) e no Legislativo (vereadores, senadores, deputados estaduais e federais). Hoje, são realizadas eleições a cada dois anos, alternando-se eleições municipais com eleições para cargos estaduais e federais.

Para fazer coincidir os pleitos numa única eleição geral, realizada a cada quatro anos, vereadores e prefeitos eleitos em 2016 terão mandatos de seis anos, em vez dos quatro anos atuais, caso a proposta (PEC 71/12) seja aprovada.

Além de diminuir os custos com o processo eleitoral, Jucá argumenta na justificativa da PEC que a unificação das eleições também garantiria maior transparência para o eleitor. “Os eleitores teriam acesso a um quadro mais claro da realidade política, com condições de melhor formar juízo a respeito da continuidade ou da substituição de seus representantes”, justifica o parlamentar.

O senador por Roraima acrescenta que a proposta, se aprovada, evitaria que os alinhamentos, acordos e pactos de governabilidade precisem ser revistos a cada dois anos, conferindo maior estabilidade política. “Emergiria da eleição geral única um quadro político estável por todo o quadriênio seguinte. Todos os atores teriam clareza a respeito de suas tarefas, dos meios disponíveis e das alianças formadas na situação e na oposição, na União, nos Estados e nos municípios”, defendeu.

A proposta ainda aguarda designação de relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).


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