ARTIGO - O PROBLEMA É MORAL, E NÃO LEGAL

Gessy James Evaristo da
Silva Melo  é Advogado

Quando o assunto é o alto índice de criminalidade no Brasil, não faltam especialistas para criticarem as leis brasileiras, afirmando que são muito brandas e ultrapassadas. Na verdade, em vários aspectos podemos dizer que sim, no entanto, o que se observa é que no Brasil, o maior problema não é de ordem legal, mas sim de ordem moral. Não será com a elaboração de novas leis que o Brasil irá combater o crime de forma tão eficiente como querem nos fazer crer. Isso porque o Brasil está vivendo uma crise moral, verdadeiro câncer que necessita ser combatido, porque destrói a sociedade em suas bases fundamentais.

Uma coisa puxa outra. Nos últimos anos, o sentimento materialista, consumista vem tomando conta de toda a sociedade. Quanto mais se tem, mais se deseja ter. Nas palavras do ilustre advogado Martiniano José da Silva, “estamos reféns do capital. Estamos vivendo o declínio das virtudes cívicas”.  

Percebe-se que o alto índice de criminalidade existente hoje no Brasil, tem como principal fator os padrões materialistas de comportamento divulgado pela mídia insistentemente nos últimos anos, onde o ser humano perde todo o seu valor, seu significado, sua essência, dando a lugar aos bens materiais e, na busca por uma aceitação social, porque só é visto e tratado com gente quem ostenta riqueza, os indivíduos ignoram todos os valores morais e se dispõem à prática dos mais variados crimes para sobreviverem em meio a esse “capitalismo selvagem”.

Como já dizia a musica da banda LEGIÃO URBANA “a violência é tão fascinante e nossas vidas são tão normais [...] já estou cheio de me sentir vazio [...] todo mundo sabe e ninguém quer mais saber, afinal, amar o próximo é tão démodé...”.

É isso o que ocorre em nossos dias, a violência está presente em nossas vidas como se fosse algo normal, pois o materialismo, o consumismo, o egoísmo e o individualismo não nos deixam olhar para o outro como o semelhante. As relações sociais não são mais espontâneas, mas se fundam na expectativa de reciprocidade.

Os princípios éticos, antes defendidos e cobrados pela maioria, hoje é motivo de zombaria e escárnio, conforme já afirmou o filosofo Jean-François Revel.

Nesse contexto não há como não citar as palavras de Rui Barbosa, segundo o qual "de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Com bem disse o filosofo Jean-Francois Revel “não é raro hoje em dia, ouvirmos falar de virtude num tom que se não é de zombaria, pelo menos é de indulgente ironia”.

Gessy James Evaristo da Silva de Melo

OAB/GO: 32.057