Imagens aéreas mostram nascente secando em Britânia, em Goiás (Foto: Divulgação/Polícia Civil) |
Para delegado, crimes ambientais ameaçam o Lago dos Tigres,
em Britânia.
'Todas as nascentes do manancial que apuramos estão
comprometidas', disse.
A Polícia Civil indiciou 10 fazendeiros por desmatarem e
utilizar de forma indevida nascentes da região do Lago dos Tigres, em Britânia,
no noroeste goiano. As nascentes
alimentam o Rio Água Limpa, que faz parte da bacia hidrográfica do Araguaia.
Segundo a polícia, o manancial está ameaçado pela pecuária praticada em áreas
de proteção permanente.
O resultado das investigações foi apresentado nesta
sexta-feira (15) pelo delegado Luziano de Carvalho, da Delegacia Estadual do
Meio Ambiente (Dema). De acordo com ele, foram dois anos de apuração nas
nascentes do rio, com o objetivo de identificar e conscientizar proprietários
rurais da região.
“A gente não pode aceitar que o lago natural mais importante
do estado esteja ameaçado. Todas as nascentes do manancial que apuramos estão
comprometidas por conta do desmatamento da cobertura vegetal”, afirmou o
delegado.
Os inquéritos apontam que a principal prática que causa o
assoreamento dos lagos é a pecuária. O delegado explica que as nascentes
alimentam o rio e o grande Lago dos Tigres. Como elas não estão isoladas com
cercas, o gado pisoteia a área de proteção, compactando o solo e prejudicando a
mina d’água.
Outro problema levantado por Luziano Carvalho é a abertura
de cacimbas, uma espécie de poço furado pelos fazendeiros no meio das
nascentes. “Como o volume de água está diminuindo e elas estão secando, eles
furam poços para tentar pegar água em uma maior profundidade, piorando o
problema”, afirmou.
Segundo ele, mais de 30 fazendeiros foram ouvidos no
inquérito. Entre os indiciados estão donos das maiores propriedades rurais do
estado. “Há uma fazenda, por exemplo, em que há 22 lagos”, contou Luziano.
O delegado reforça a gravidade do problema com a morte de
centenas de peixes na região, no último mês de dezembro. Ele considera que os
lagos de Britânia funcionam como berçários naturais, onde peixes como o
Pirarucu se reproduzem. “Estamos vivendo uma verdadeira tragédia, não só
naquele lugar, nem só aqui em Goiás, eu acredito. Precisamos cuidar dos nossos
rios”, disse.
CRIMES
Os proprietários rurais indiciados no inquérito vão
responder por vários crimes ambientais. Entre eles está o de impedir ou
dificultar a regeneração natural e o de edificar ou ocupar áreas de proteção
permanente.
“Apesar da tipificação dos crimes, nosso objetivo maior não
é criminalizar, mas sim fazer algo concreto para que esta realidade mude,
orientar, ajustar e reverter a situação dos nossos rios”, considerou o
delegado.
De acordo com ele, os inquéritos serão encaminhados para o
judiciário, que pode propor um termo de ajustamento de conduta.
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