Fausto Luciano Brito, prefeito de Araguapaz |
Deflagrada em 2013, a ação desmontou um esquema de venda
fraudada e superfaturada de medicamentos e equipamentos hospitalares para
prefeituras goiana
O Ministério Público de Goiás (MPGO) ofereceu denúncia
criminal contra o prefeito de Araguapaz, Fausto Brito Luciano, e outras 18
pessoas, pelos crimes apurados nas investigações da Operação Tarja Preta.
Deflagrada em outubro de 2013, a ação desmontou um esquema de venda fraudada e
superfaturada de medicamentos e equipamentos hospitalares e odontológicos para
prefeituras goianas.
Os fatos apresentados na denúncia foram apurados em um
inquérito específico, desmembrado da investigação principal, que deu origem a
19 procedimentos investigativos. A peça acusatória foi encaminhada à Segunda
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás, onde tramitam os processos que
envolvem chefes de Executivos municipais.
Além do prefeito Fausto Luciano, foram também denunciados o
ex-secretário de Administração e presidente da Comissão Permanente de
Licitação, Ronan Duarte Fontes; a secretária de Saúde, Clézia Silvia Menezes
Gonçalves; a primeira-dama Margareth Alves Irineu, o filho do prefeito, Hugo
Irineu Luciano; as servidoras Luziane Vieira Brito (assessora na secretaria de
administração) e Regiaine Marciliana de Sousa (lotada no protocolo), os
advogados Tomaz Edilson Felice Chayb e Mariana Pereira de Sá.
Os réus ligados às empresas participantes das licitações são
Edilberto César Borges, administrador e sócio oculto das empresas J. Médica e
Pró-Hospital; a sócia da J. Médica, Jaciara Borges, e os filhos desse casal,
Mariana Borges e Edilberto César Júnior, sócios da Pró-Hospital. Ligado a essas
empresas, o vendedor Milton Machado Maia também foi incluído na peça
acusatória.
A denúncia do MPGO aponta ainda a participação do empresário
Vanderlei José Barbosa, o Baiano, sócio da Ideal Hospitalar, e dos vendedores
dessa empresa, Lucas Costa Fernandes e Domingos Amorim da Silva. Outros
relacionados entre os acusados são os representantes comerciais da empresa
Única Dental, Walter Lúcio Xavier e Joel Paulo de Lima.
Por envolver prefeito, a denúncia oferecida no TJGO é
assinada pelo procurador-geral de Justiça em exercício, Altamir Rodrigues
Vieira Júnior; o promotor designado para a Procuradoria de Justiça
Especializada em Crimes Praticados por Prefeitos, Marcelo André de Azevedo,
além dos membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), Mário Henrique Caixeta, Rafael Simonetti da Silva e Walter Tiyozo
Linzmayer Otsuka.
O ESQUEMA
A Tarja Preta desmontou uma organização criminosa que atuava
tanto no pagamento de vantagem indevida a agentes políticos em troca de futura
contratações com a administração pública, quanto na simulação de licitação e
dispensas indevidas de licitações para compra de medicamentos, materiais
hospitalares e odontológicos. Esses produtos eram superfaturados e, em alguns
casos, sequer entregues. O crime de organização criminosa e formação de
quadrilha foi objeto de denúncia e autos separados.
Conforme a denúncia, a forma de atuação da organização foi
praticamente a mesma em todos os municípios investigados, com o aliciamento de
agentes públicos, como prefeitos e secretários e candidatos a cargos eletivos
em 2012, com o pagamento a estes de vantagem indevida, antes e depois da posse
ao cargo, mas a pretexto de condicionar a preferência ou exclusividade no
futuro fornecimento de medicamentos e similares ao município. Posteriormente,
eram simuladas as licitações e sua dispensa, para dar aparência de legalidade.
ARAGUAPAZ
No município, a atuação da quadrilha teve início nos
primeiros meses de 2013, com mais intensidade entre abril e maio, quando
Edilberto Borges e outros integrantes da Pró- Hospital, assim como os
representantes da J. Médica, Ideal Hospitalar e Única Dental fraudaram
seguidamente licitações realizada pelo município, com o interesse de obter
vantagens pessoais com o procedimento. Ao simularem a concorrência entre as empresas
mencionadas, os réus burlaram o caráter competitivo do certame.
Também houve irregularidades na dispensa indevida de
licitação, sem observância dos requisitos legais por parte dos gestores. O
esquema, conforme apurado pelo MP, contou com participação ou conivência dos
agentes públicos, tendo sido verificado que o prefeito, inclusive, recebeu
vantagem indevida para beneficiar as empresas acusadas.
Fonte: Mais Goiás
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